Após classificar o novo coronavírus como "fantasia" e dizer que a pandemia mundial de Covid-19 "não é o que se propaga", o presidente Jair Bolsonaro voltou a subestimar o vírus e não se mostrou amedrontado caso ele venha a ser diagnosticado com a doença. "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”, disse o chefe do Executivo federal, nesta sexta-feira (20/3).
A resposta foi dada no fim de uma coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto. Antes, ao ser questionado se ele tornaria público os resultados dos dois exames aos quais já foi submetido e que, segundo ele, deram negativo para a infecção pelo novo coronavírus, Bolsonaro comentou que é "uma pessoa especial" pela função que ocupa, mas não respondeu à pergunta. Por outro lado, informou que poderia realizar um terceiro exame, caso haja necessidade."Eu sou uma pessoa especial pela função que eu ocupo, obviamente. Mas fiz os dois exames, minha família fez também, e deu negativo. Se o médico da Presidência ou até o ministro da Saúde achar que eu devo fazer algum novo, sem problema nenhum. Várias pessoas do meu lado foram dado positivo", frisou Bolsonaro.
Já o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que também estava na coletiva, garantiu que Bolsonaro não é obrigado a divulgar os resultados dos exames. “Os exames do paciente são do paciente. O seu exame, o seu prontuário, os exames que você faz são da sua intimidade. A gente não faz divulgação do exame. Nem seu, nem meu, nem de ninguém”, disse o ministro ao repórter que deu início à discussão.
Mandetta reforçou que Bolsonaro tem um médico assistente cuja missão é “zelar pela saúde do presidente”. “A ele (médico) é dado o timing e a maneira de monitorar. Se ele entender que o presidente precisa fazer teste, faz. Se der positivo, o que que faz? Vai, comunica, porque vai ter que fazer isolamento, ficar em casa como qualquer um, como eu posso ter que ficar, você, qualquer um. Não é nenhum fim do mundo isso aí. Uma coisa normal”, destacou.
O ministro da Saúde também pontuou que o Brasil é “um país jovem” e, por isso, 85% da população nacional deve contrair o vírus, não demonstrar sintomas e, no final, acabar desenvolvendo anticorpos. “Se o presidente já tiver pego, e ter um daqueles que foi portador assintomático, que já tem anticorpo, vocês (imprensa) vão ficar até o final desse negócio (pandemia do coronavírus) perguntando se ele não vai fazer um exame todo dia. E se ele já tiver anticorpo? Nós só vamos saber no final”, explicou Mandetta.
Além disso, o chefe do Ministério da Saúde esclareceu que Bolsonaro só fará um novo teste caso apresente sintomas. “Cada caso é um caso. Tem um médico assistente que pede exames dentro da necessidade. Se tiver positivo ou negativo, cabe a ele, presidente, ou ao médico, comunicar.”